Material educativo
Em “Por uma crise da imagem”, de Nicolas Soares, a palavra sobreposição nos transpassa ao tentarmos reconfigurar a representação imagética que tem formado e conformado nosso olhar a partir do olhar único, excludente e hegemônico do colonizador.
A sobreposição das imagens nos coloca diante de um pensamento inclusivo, que pretende tensionar e ao mesmo tempo desconstruir a “imageria” que o construto social e histórico nos impele a reproduzir, ou seja, o imaginário das iconografias sacralizadas,
institucionalizadas, idealizadas, divinas, que nos afastam da realidade concreta e objetiva.
As imagens da arte! Quem chancela o que é arte ou não? O que as imagens da arte, compreendidas como hegemônicas, contribuem para a constituição das nossas subjetividades a partir de uma compreensão crítica, estética e ética de ser e conviver?
A imagem do corpo ideal, do corpo perfeito! O que os corpos estetizados pelas redes sociais nos impõem? Qual o preço a ser pago na busca desses corpos? E os corpos dissonantes? Que ou quais lugares (des)ocupam?
A imagem das pessoas racializadas! Quem instituiu essa divisão perversa que subjuga, humilha, deslegitima, invisibiliza e inferioriza as pessoas?
As imagens sacralizadas! (In)tocáveis? (In)acessíveis? Imagem e semelhança de quem? Do amor?As imagens do amor! Por que falar de amor? É preciso falar de amor? Sim!!! Porque falar de amor é um ato revolucionário! Mas quais amores são aceitos socialmente?Quais não são aceitos? Não queremos um amor cego! É preciso amar verdadeiramente! Amor às pessoas, à arte, à vida, à natureza que nos cerca. Amor à ciência! Mas... é preciso lembrar que “o amor é um campo de batalha! A última trincheira!” .
As imagens do amor! Por que falar de amor? É preciso falar de amor? Sim!!! Porque falar de amor é um ato revolucionário! Mas quais amores são aceitos socialmente? Quais não são aceitos? Não queremos um amor cego! É preciso amar verdadeiramente! Amor
às pessoas, à arte, à vida, à natureza que nos cerca. Amor à ciência! Mas... é preciso lembrar que “o amor é um campo de batalha! A última trincheira!” .
As imagens internas e externas ditam normas de conduta e engessam o preestabelecido, tornando-o discurso oficial, narrativa hegemônica! Para Kilomba (2019, p. 130): “O racismo não é biológico, mas discursivo”. E acrescentamos, ou sobrepomos, o preconceito (religioso, étnico, racial, de classe social, de gênero, linguístico,entre tantos outros) é também discursivo!
As imagens e narrativas distorcidas reverberam em pensamentos e ações, daí a premência da desconstrução e da reconfiguração do instituído hegemonicamente pelo olhar estrangeiro... olhar de quem desconhece, de quem nega, repudia e rejeita, pois essas imagens ferem nossas subjetividades, nossas singularidades, e naturalizam discursos hegemônicos, hierárquicos e preconceituosos, mantendo um processo de dominação e barbárie, bem como os binarismos que enquadram em padrões nossos modos de ser,
sentir, amar, conviver e ser afetado pelo amor que “deveria”, a priori, nos unir como seres humanos.
Por meio do consumo das imagens, refletimos e refratamos o poder colonial dualista e binarista que segrega norte e sul, homem e mulher, arte e ciência, branco e preto, corpo e alma, sagrado e profano, ocidente e oriente, colonizador e colonizado. Portanto, faz-se necessário compreender que são essas imagens que também regulam a nossa existência no mundo e, na perspectiva de reconfigurar o instituído do/no imaginário coletivo, pensar o educativo da exposição “Por uma crise da imagem”, perpassa pela sobreposição ou fusão IMAGEM/PALAVRA.
Assim, nosso intuito é provocar uma reflexão/ação diante do que consumimos dessas imagens e narrativas, pois “a imagem em sua função de representação [é que] deve ser estilhaçada” (Soares, 2023), já não nos serve mais! É preciso sobrepor, juntar, acrescentar a elas nossos desejos... desejo que conecta nossos corpos, nossos amores, afetos, memórias e histórias.
O AMOR É UM CAMPO DE BATALHA contra inimigos
visíveis e invisíveis deste mundo tenebroso; O AMOR É
UM CAMPO DE BATALHA em todas suas tentativas de
driblar as instâncias que estancam o sujeito na condição
de subalterno ao próprio desejo (Nicolas Soares, 2023)
Margarete Sacht Góes
Curadora do educativo
GAEU/UFES